O que é o autismo?
O autismo é uma desordem marcada por perturbações do desenvolvimento neurológico que compromete, principalmente, as habilidades sociais e de comunicação de quem tem a síndrome. Também chamada de Desordem do Espectro Autista (DEA), a condição envolve situações e manifestações bastante diferentes umas das outras, variando de graus mais leves a mais graves. A desordem é rotulada como “espectro” justamente por se manifestar em diferentes níveis de intensidade.
É uma desordem que costuma ser identificada ainda na infância, entre um e três anos, com sinais que podem aparecer nos primeiros meses de vida e que continuam se manifestando na adolescência e na vida adulta. Estima-se que uma em cada cem crianças têm algum grau do espectro autista e que ele seja de duas a quatro vezes mais frequente no sexo masculino que no feminino.
O autismo é caracterizado pelo deficit de comunicação, de interação social e repetição de comportamentos. Quem tem a desordem tem dificuldade para estabelecer relações sociais ou afetivas, o que pode transmitir a impressão de que vive em um mundo isolado. Todas as pessoas com autismo carregam essas dificuldades, no entanto, elas se manifestam com intensidades diferentes em cada uma delas, o que resulta em situações bem particulares.
Apesar de ser comumente diagnosticado na infância, o autismo é uma condição permanente, que acompanha a pessoa em todas as etapas de sua vida. Ainda que não tenha uma cura, o acompanhamento especializado é fundamental para que o autista possa lidar melhor com a sua condição e ter uma melhor qualidade de vida.
Quais as causas do autismo?
As causas do autismo estão relacionadas a fatores genéticos, hereditários, biológicos e ambientais. Os especialistas explicam também que a desordem se manifesta quando os neurónios deixam de formar as conexões necessárias para o desenvolvimento da comunicação e dos relacionamentos sociais, nos primeiros três anos de vida. Algumas doenças, como a síndrome de Down e a síndrome do X-Frágil, também podem estar relacionadas ao autismo, assim como o consumo de álcool durante a gestação. Trata-se de uma condição que ainda vem sendo amplamente estudada e, consequentemente, novas possibilidades são descobertas a cada momento.
Antigamente, tinha-se como certo que o autismo era causado por um ambiente familiar problemático e que a indicação de tratamento era a terapia psicanalítica. Com o passar do tempo, ao conhecer melhor a desordem, esse deixou de ser um dos fatores causadores do autismo.
Quais são os sintomas do autismo? (antes de 18 meses / após 18 meses)
Os sintomas do autismo são detetáveis mesmo antes da criança completar 18 meses de vida e identificá-los precocemente é fundamental para minimizar os prejuízos da desordem. Nos primeiros meses, os sinais do autismo se percebem quando a criança tem dificuldade para interagir socialmente, apresenta deficit de comunicação verbal e não-verbal e, ainda, não conseguem participar de brincadeiras que exijam certo grau de imaginação.
Os sintomas do autismo podem variar de intensidade e os mais comuns são:
- não conseguir iniciar ou manter uma conversa
- repetir palavras ou frases memorizadas
- comunicar-se com gestos e não com palavras
- movimentos corporais e comportamentos repetitivos
- alteração emocional descontrolada com mudanças na rotina
- isolamento social
- evitar contacto visual
- apatia
- deficit de atenção
- episódios intensos de agressividade
- inquietação
Em alguns casos, a criança pode apresentar o autismo regressivo, que consiste na não manifestação de sintomas em um primeiro momento e, partir do primeiro ou segundo ano de vida, começa a perder as habilidades sociais e de comunicação até então adquiridas.
Quais são as perturbações do espectro autista?
As perturbações do espectro autista são divididas em três tipos, conforme o nível de intensidade dos sintomas:
- Síndrome de Asperger: é uma desordem neurobiológica, considerada o tipo mais leve de autismo. As pessoas com essa síndrome apresentam todas as dificuldades do autismo, porém, em um nível bastante reduzido. Têm a comunicação bem desenvolvida e são altamente inteligentes. É habitual que crianças com essa síndrome sejam confundidas com superdotadas, no entanto, a principal diferença está em que os autistas com Síndrome de Asperger se destacam apenas na área de conhecimento em que se especializam. Essas crianças, por exemplo, conseguem decorar uma extensa lista de nomes, mas podem ter dificuldades no processo de alfabetização.
- Autismo clássico: as pessoas desse grupo têm dificuldade de compreensão, absorvendo apenas o sentido literal das palavras. Não usam a fala como ferramenta de comunicação e não entendem expressões que podem ter duplo sentido. Costumam ter deficit de interação e de reconhecimento social.
- Perturbação invasiva do desenvolvimento: é o nível mais grave do autismo, marcado pelo total isolamento social, ausência de comunicação, comportamentos excessivamente repetitivos e, em geral, alto grau de deficiência mental.
O autismo pode ainda ser classificado ainda enquanto ao nível de funcionalidade:
- baixa funcionalidade: interação social praticamente inexiste, repetição constante de movimentos e presença de atraso mental. Consiste em um quadro que, possivelmente, demandará acompanhamento por toda a vida.
- média funcionalidade: certa dificuldade para se comunicar e repetição moderada de comportamentos.
- alta funcionalidade: ainda que haja algo de dificuldade em relação à comunicação e falta controle sobre os comportamentos, os prejuízos são mais leves e a pessoa encontra menos obstáculos para estudar, trabalhar e construir sua vida. Por ser um grau de autismo mais leve, muitas vezes os sintomas não são facilmente notados e, às vezes, são confundidos com outras características comuns das crianças em geral, como timidez, por exemplo.
- savant: apesar de manifestar deficits psicológicos, a pessoa tem grande capacidade de memória e talentos específicos.
Quais são as consequências do autismo?
As consequências do autismo implicam no desenvolvimento da criança, bem como em sua integração social. Sem o devido acompanhamento, o autista com deficit na comunicação e no aprendizado terá prejuízos notáveis ao longo de sua vida. Os comportamentos repetitivos e a dificuldade para lidar com mudanças também podem interferir em diferentes esferas.
Identificar precocemente o autismo e receber o tratamento adequado é fundamental para que a criança não tenha seu desenvolvimento tão comprometido, minimizando os prejuízos da síndrome na idade adulta.
Como ajudar um autista?
Para ajudar um autista, é importante atuar com empatia, paciência e respeito. Considerando que as pessoas com a síndrome têm deficit nas habilidades sociais, é bastante positivo tentar integrá-las, mas sem forçar suas limitações.
É essencial também oferecer o máximo de estabilidade, mantendo uma rotina organizada, já que o autista tem dificuldade de lidar com mudanças. Outro ponto a ter em conta é tentar estabelecer alguma técnica de comunicação, tendo em conta que, em alguns casos, ela será não-verbal.
Infelizmente, a falta de informação ainda é o maior complicador na socialização da pessoa com autismo, e acaba por ser um entrave no desenvolvimento de suas habilidades.
Quem pode ajudar-te?
Para te ajudar a tratar o autismo, é importante contar com apoio multidisciplinar, com psicólogos, médicos, terapeutas da fala, pedagogos e fisioterapeutas, uma vez que a síndrome impacta diferentes esferas. Ainda que o autismo não tenha cura, o objetivo é melhorar a saúde física e mental da criança, contribuindo para o seu desenvolvimento, autonomia e integração social.
Cada caso de autismo necessita um tratamento específico e individualizado, em função do nível e da intensidade dos sintomas. É um processo longo e que exige participação dos familiares e do entorno mais próximo, visando a reabilitação do autista de uma forma global.
Também é fundamental que os familiares recebam aconselhamento psicológico e técnico, para aprender a lidar melhor com a síndrome e ajudar a ampliar a qualidade de vida do autista. Nosso site conta com psicólogos especializados nessa área e que estão preparados para ajudar-te.
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