O que é o acompanhamento psicológico na adoção?
O processo de adoção, apesar de variar em relação à duração, é, geralmente, demorado. Implica uma série de avaliações que são necessárias à família, à criança, à relação estabelecida entre ambos.
O processo de adoção começa muito antes da família de adoção e a criança se conhecerem, e pressupõe a preparação de ambas as partes para cada uma das fases pelas quais irá passar o processo de adoção.
Sendo uma adaptação tão complexa, e que exige um tão grande investimento emocional, é importante haver um acompanhamento que inclua não só a sua preparação, como também dê ferramentas aos intervenientes para lidarem com a experiência que estão a viver, tal como suporte psicológico e emocional.
Quais são os problemas ou distúrbios mais comuns em crianças adotadas?
Cada caso terá as suas especificidades, no entanto, existem situações comuns a muitas das crianças que entram num processo de adoção. Assim, estar atentos aos sinais de alarme para poder intervir o mais rápida e eficazmente possível é fundamental para o sucesso do processo.
Muitas crianças adotadas enfrentam dúvidas e questionam-se em relação à sua identidade, podendo existir sentimentos de insegurança, baixa autoestima e ansiedade. É também frequente existir curiosidade sobre quem são os seus pais biológicos ou quais as razões que os terão levado a separarem-se delas, o que pode suscitar problemas relacionais ou até conflitos na família que adota a criança.
Apesar das manifestações poderem variar, as perturbações mais comuns em crianças adotadas relacionam-se com défice de atenção, dificuldades de aprendizagem, transtornos alimentares, ansiedade e depressão, situações geralmente relacionadas com sentimentos de abandono e rejeição.
Ao longo da vida poderá, consoante a história de cada pessoa, haver dificuldade em estabelecer vínculos afetivos fortes e, em casos mais graves, depressão profunda e dependência de substâncias tóxicas.
Quais são os problemas ou distúrbios mais comuns em pais adotivos?
A adoção acontece em dois sentidos, e é natural que também os pais adotivos se sintam inseguros ao longo do processo. É frequente surgirem dúvidas sobre a sua capacidade de serem pais adotivos e sobre o modo como estão a acolher a criança no seio familiar, ao mesmo tempo que, por vezes, pode ser difícil gerir a frustração que alguns conflitos com a criança adotada podem gerar.
É frequente também, apesar de nem sempre ser algo conversado, o medo da criança chegar a conhecer os seus pais biológicos e, nessa possibilidade, acabar por rejeitar a sua família de adoção. Tal medo pode estar na génese de depressões ou, a nível comportamental, levar à superproteção das crianças.
Como compreender e gerir os comportamentos e emoções das crianças adotadas?
A compreensão das emoções das crianças adotadas depende do profundo conhecimento da sua história. Entender que se trata da construção de novas relações, estabelecimento de novos vínculos e desenvolvimento da personalidade da criança e dos seus pais afetivos é fundamental para conseguir gerir emocionalmente as situações que vão surgindo.
Existem, no entanto, algumas orientações que são muitas vezes dadas pelos profissionais da área e que podem contribuir para um relacionamento mais fluído entre pais e filhos adotivos. Cada família poderá adotar as que melhor se encaixam na sua dinâmica, bem como criar outras que demonstrem ser mais eficazes.
Mencionamos em seguida algumas destas orientações:
- Tentar não fazer juízos de valor: trata-se de uma situação exigente para ambas as partes e o mais importante é entender o que se está a passar e ter uma atitude de aproximação e compreensão em relação ao que a criança está a viver.
- Orientar através da compreensão: quando uma criança tem um comportamento desadequado (e aplica-se em todos os casos), a estratégia mais eficaz a longo prazo passa por fazer entender por que razão se considera desadequada. Através da compreensão da situação, a criança será capaz de, mais tarde, modificar o seu comportamento e até metabolizar melhor as suas emoções.
- Elogiar em público, repreender em privado: quando a criança tem um comportamento que não é adequado à situação, em vez de a repreender em público, tente ter alguns momentos a sós com ela para falar sobre o que se passou e, eventualmente, fazer a dita repreensão. É fundamental não transformar uma chamada de atenção numa situação vexatória.
- Confiança e respeito: são características das relações saudáveis. Quando estão presentes, a confiança e o respeito fazem com que qualquer assunto possa ser abordado de uma forma empática. Ao encontrar estas qualidades na relação com o adulto, em especial com a sua nova família, a criança também irá, pouco a pouco, integrar estes valores e usá-los nas suas relações posteriores.
- Proteger a criança: muitas vezes as crianças adotadas sofrem por ser alvo de uma certa estigmatização. Proteger a criança destas situações e encorajá-la nos diversos contextos da sua vida, será uma forma de fortalecer a sua autoestima e, assim, desenvolver uma personalidade saudável.
Que problemas podem surgir no relacionamento entre crianças adotadas e biológicas?
Os problemas que podem, eventualmente, surgir no relacionamento entre crianças adotadas e biológicas ferem-se, fundamentalmente, às dinâmicas de adaptação das crianças a uma situação nova.
Quer as crianças adotadas, quer as biológicas irão ver-se obrigadas a partilhar o seu espaço, não só físico como emocional, terão de se adaptar a pessoas diferentes e a conviver entre si.
Muito frequentemente as crianças adotadas têm alguns traumas e perturbações de diversos tipos, muito relacionadas com questões de abandono, ansiedade e baixa autoestima, entre outros. Estas características podem fazê-las ser receosas no que respeita a estabelecer novas relações, tomando por vezes comportamentos agressivos para com os seus pares.
Por outro lado, também as crianças biológicas podem sentir que o seu estatuto dentro da família está ameaçado, não compreendendo bem quais as intenções dos pais ao adotar um irmão.
Em ambas as partes podem existir sentimentos de competitividade, ciúme e frustração. Mas também sentimentos de amor, expectativa e vontade de partilhar e crescer em conjunto.
Por isso é tão importante um acompanhamento especializado, em particular com as crianças, para que possam lidar com todos os sentimentos que experimentam e que, muitas vezes, não conseguem expressar devidamente.
Quem pode ajudar-te?
O acompanhamento profissional de um psicólogo, ou uma equipa de psicólogos, especializados neste tema pode revelar-se essencial em todo este processo. Para os pais, representa, além de todo o suporte emocional, uma base segura, um conhecimento técnico que pode orientar todo o processo de uma forma harmoniosa.
Ter alguém que aconselha e que sabe, de antemão, as possíveis fases pelas quais o processo irá passar, transmite segurança aos pais que, por sua vez, a irão passar aos seus filhos, estabelecendo vínculos fortes e seguros.
No nosso site poderá encontrar psicólogos especializados em adoção que poderão revelar-se elementos fundamentais durante todo o processo de adoção.
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